"São muitas as vozes que podem contar a mesma história. Vozes consoantes ou dissonantes dependendo do olhar de quem as lê... ou de quem as escreve. Poder-se-ia dizer que para construir uma história são evidentes os personagens que a criam, que criam a narrativa. Mesmo numa obra tida como histórica, como nos é apresentada A Retirada da Laguna, Visconde de Taunay reflete na busca pelo prazer entre o histórico - de contar os fatos da guerra -, quanto o literário - aquele olhar pinçado de romance pelas belezas naturais do interior de Mato Grosso. Tido como um grande retratador, Taunay traduz em palavras a guerra do Paraguai, quando designado a relatar ao Imperador os acontecimentos nos campos de guerra, que resultaria na obra A Retirada da Laguna. Dos seus relatos, o autor recortou o que julgou insignificante. A presença do indígena e das mulheres na guerra foram mencionadas, sem, no entanto, reforçar a sua importância. Taunay ao excluir do texto esses personagens proporciona uma leitura em que a diferença é mostrada pelo recortar dos personagens. Mas por que motivo assim o fez Taunay? Com que intenção? Nesse discurso palavras, expressões, frases de efeito foram investigadas para entender porque Taunay teria omitido tais personagens, uma vez que quando omito, não vejo o outro e a diferença se faz presente. Em cima disso esse livro foi escrito, fazendo uma análise de como o autor criou e recriou a diferença, em sua versão dos acontecimentos históricos. Pela omissão ou não, tem um novo olhar para a história. "