Esta narrativa é arquitetada como enigma. Não só um mas vários, conquanto o efeito de totalidade constitui uma unidade enigmática como nonsense do tempo brasileiro da década de 1970. O título Diário de bordo é uma provocação e pista para o percurso do leitor e do narrador. Este, trabalhando em anonimato (não se sabe seu nome), monta estratagemas para expor os acontecimentos banais e outros tantos estranhos em fragmentos quase desarticulados entre si. As viagens do narrador são mais ou menos sem destino e especialmente sem finalidades. Estas, ao que parece, não se cumprem, e pouco ou nada têm de realização humanizada.Isso institui continuamente diversas interrogações sobre o sentido e seu modo de produção. Esse é um problema central da literatura moderna que, aliás, percorre toda a obra de Louzada Filho, desde suas primeiras publicações ficcionais.O leitor desde logo vê-se envolvido num clima de suspeita sombria: a loucura e seus aparatos repressivos rondam o mundo do narrador e de outras personagens.Essa narrativa desafiadora também constrói um enigma erótico, relacionado com Brasília (embora sem dar nome). Por que nisso a nova capital dos trópicos? É um episódio erótico fortíssimo mas eventual, sem raízes e parece que sem consequências, nem pessoais, nem sociais e nem históricas. É um enigma, digamos, aéreo, já que a mulher trabalha no aeroporto...