Como um documentário, munida de provas (índices, gráficos, listas, valores, rankings), apoiada no depoimento de pessoas afetas à área (realizadores - dentre eles o ainda e sempre instigante Eduardo Coutinho - produtores, dirigentes de empresas), lidando com um tema quase universal, estimulante, apaixonante mesmo, de uma originalidade incontestável, Teresa Noll Trindade constrói o seu alentado documentário. Aliás, o seu Documentário e mercado no Brasil uma obra pujante que põe em relevo o estado de coisas deste gênero (formato? modo de representação?) desde a virada do século até aqui, quando esta forma expressiva audiovisual se emparelha com as obras de ficção em termos de notoriedade e de importância, embora nem tanto no aspecto de resultados comerciais, como um produto incerto para um mercado instável. O desafio de Teresa é vencido com todo o garbo, fazendo um retrato "documental" bastante realista da cadeia econômica deste conjunto de filmes que se bate para ser reconhecido nas salas convencionais de cinema ou nas telas da televisão, enfrentando a fragilidade de políticas estatais, pressionado entre o volume crescente de produção e a resistência dos distribuidores, das salas e da própria audiência.