Seguindo um plano visionário, um grupo de engenheiros e trabalhadores ergue, em meio à floresta tropical intocada, no início do século 20, uma das mais primorosas obras de infraestrutura do nosso litoral - a Usina Hidrelétrica de Itatinga, em Bertioga. Para vencer as íngremes escarpas da Serra do Mar e as terras pantanosas da planície, lançou-se mão de toda a sorte de soluções de engenharia. Por cima da serra era necessário captar um pequeno rio e conduzi-lo para a tomada de água que alimentaria a usina. Por baixo, mais de 30 km do porto, o desafio era implantar numa região erma e desprovida de acessos a casa de força com os geradores e as linhas de transmissão. Entre a captação e a casa de força seria necessário instalar as tubulações metálicas que trariam a força das águas para produzir a tão desejada energia elétrica. Um pequeno porto, uma delicada estrada de ferro e uma vila operária para abrigar os funcionários da usina completam o cenário pitoresco de Itatinga, emoldurado pela exuberante Mata Atlântica. Ao longo de 100 anos, esse patrimônio se manteve preservado pelas sucessivas administrações portuárias e, principalmente, pelos cuidados dos trabalhadores e suas famílias. Neste centenário da Usina de Itatinga, nada mais justo que resgatar a saga da sua construção e a história de seus idealizadores e moradores, bem como de todos aqueles que contribuíram para sua preservação. Boa leitura.