Sal, da poeta gaúcha Mar Becker, finalista do prêmio Jabuti 2021 com A Mulher Submersa, nos conduz ao universo feminino, feito por meio do desenho de cenas quase imperceptíveis: as peças de roupa de uma casa distribuídas aqui e ali, nos recostos da cadeira, ao fim do inverno, para secarem em dias de chuva; o estojo de esmaltes de mulheres já feitas, tomado de assalto por uma menina; o ressecamento do suor, do líquido, o que talvez dê notícias de um sentimento de mar nos corpos; a cristalização da vida, a petrificação daquela para quem, como para a mulher de Lot, o amor (a uma cidade ou a um rosto) chama a olhar para trás.