A fragmentação e o pluralismo do empreendimento filosófico no Renascimento levantaram de forma aguda uma questão que diz respeito aos filósofos de todas as épocas: o que é exatamente a filosofia, e o que ela deveria ser? Será que ela deveria ser aquilo que ela frequentemente foi na Antiguidade, um grupo de discípulos semelhante a um culto, seguindo os ensinamentos de um mestre e buscando uma visão esotérica e transformativa da realidade, distinta daquela da sociedade ao redor, concedendo-lhes uma tranquilidade divina, ou um senso de valor moral? Ou será que ela deveria ser meramente uma forma de cultura, parte da educação do orador estadista, equipando-o com tópicos e argumentos, como preferia Cícero? Ou será que deveria ser o que ela se tornara na Idade Média, uma faculdade em uma universidade, preparatória para o estudo da teologia, da medicina e do direito? Alguns mestres de filosofia rejeitaram esse papel humilde já na Idade Média, e foram acusados pelos teólogos de querer transformar a filosofia em uma rival em vez de serva da teologia. Por volta do século XIV, alguns escolásticos evidentemente acreditavam que a filosofia deveria declarar sua independência em relação aos estudos “superiores”, e até mesmo em relação à religião, e tornar-se um ramo autônomo de conhecimento, oferecendo um tipo de felicidade distinto da beatitude religiosa. Tais alegações naturalmente atraíram críticas, acima de tudo dos humanistas. Os humanistas queriam que os filósofos desistissem de suas pretensões a uma sabedoria teórica além do alcance da razão humana e se limitassem à modesta tarefa da formação moral. Mas eles, por sua vez, foram ferozmente contestados pelos novos filósofos, os platônicos e Naturphilosophen [filósofos da natureza], que acreditavam que a filosofia deveria ensinar uma sabedoria esotérica ou constituir uma fonte de segredos sobre o mundo natural, uma via de poder sobre a natureza, e mesmo uma maneira de escaparmos dos limites de nossa humanidade e nos tornarmos deuses.A fragmentação e o pluralismo do empreendimento filosófico no Renascimento levantaram de forma aguda uma questão que diz respeito aos filósofos de todas as épocas: o que é exatamente a filosofia, e o que ela deveria ser? Será que ela deveria ser aquilo que ela frequentemente foi na Antiguidade, um grupo de discípulos semelhante a um culto, seguindo os ensinamentos de um mestre e buscando uma visão esotérica e transformativa da realidade, distinta daquela da sociedade ao redor, concedendo-lhes uma tranquilidade divina, ou um senso de valor moral? Ou será que ela deveria ser meramente uma forma de cultura, parte da educação do orador estadista, equipando-o com tópicos e argumentos, como preferia Cícero? Ou será que deveria ser o que ela se tornara na Idade Média, uma faculdade em uma universidade, preparatória para o estudo da teologia, da medicina e do direito? Alguns mestres de filosofia rejeitaram esse papel humilde já na Idade Média, e foram acusados pelos teólogos de querer transformar a filosofia em uma rival em vez de serva da teologia. Por volta do século XIV, alguns escolásticos evidentemente acreditavam que a filosofia deveria declarar sua independência em relação aos estudos “superiores”, e até mesmo em relação à religião, e tornar-se um ramo autônomo de conhecimento, oferecendo um tipo de felicidade distinto da beatitude religiosa. Tais alegações naturalmente atraíram críticas, acima de tudo dos humanistas. Os humanistas queriam que os filósofos desistissem de suas pretensões a uma sabedoria teórica além do alcance da razão humana e se limitassem à modesta tarefa da formação moral. Mas eles, por sua vez, foram ferozmente contestados pelos novos filósofos, os platônicos e Naturphilosophen [filósofos da natureza], que acreditavam que a filosofia deveria ensinar uma sabedoria esotérica ou constituir uma fonte de segredos sobre o mundo natural, uma via de poder sobre a natureza, e mesmo uma maneira de escaparmos dos limites de nossa humanidade e nos tornarmos deuses.Este volume enfatiza o dinamismo e o pluralismo da filosofia do Renascimento, sua busca por novas perspectivas filosóficas, bem como sua transformação e radicalização de tradições escolásticas herdadas da Idade Média. O volume se divide, de maneira geral, em duas partesEste volume enfatiza o dinamismo e o pluralismo da filosofia do Renascimento, sua busca por novas perspectivas filosóficas, bem como sua transformação e radicalização de tradições escolásticas herdadas da Idade Média. O volume se divide, de maneira geral, em duas partes. A primeira parte se concentra nas várias revitalizações da filosofia antiga, bem como nas transformações do aristotelismo e das tradições filosóficas árabes herdadas da Idade Média. A segunda parte do livro olha para adiante rumo à filosofia moderna e concentra-se nas contribuições originais do período em filosofia da linguagem, metafísica, cosmologia, psicologia, ética e política. Além dos capítulos que lidam diretamente com a obra de filósofos do Renascimento, há quatro capítulos dedicados ao contexto histórico e às condições de investigação encontradas pela filosofia do Renascimento.