O livro Constitucionalismo, autoritarismo e democracia na América Latina, de Fernando José Gonçalves Acunha, oferece ao leitor uma necessária e crítica reflexão sobre o (novo) constitucionalismo latino-americano. O autor, um jovem que há muito se dedica à pesquisa constitucional, pertence a uma geração de talentosos constitucionalistas não acomodados, cujo trabalho inova na forma e no conteúdo do objeto enfrentado.Nesse sentido, não espere o leitor uma ode ao chamado novo constitucionalismo latino-americano: o livro é muito mais do que isso, vale dizer, é crítico e reflexivo. Fruto da sua tese de doutorado defendida no Programa de Pós-Graduação em Direito da UnB, sob a orientação cuidadosa do Prof. Juliano Zaiden, o livro se apropria da experiência política e constitucional da região, especialmente da Bolívia e do Equador, e aponta os avanços e recuos do novo constitucionalismo. O ponto alto do trabalho é justamente a inteligência do argumento do autor ao sublinhar a complexidade dos novos arranjos oriundos de experiências (constituintes e constituídas) recentes na América Latina, as possibilidades e os riscos para o constitucionalismo democrático. () A chegada deste livro de Fernando José Gonçalves Acunha é mais do que fundamental para o direito constitucional e os constitucionalistas que não se contentam com os clichês ora ufanistas em favor do novo constitucionalismo latino-americano, ora rançosos e elitistas em desfavor deste. Fernando tem, antes de mais nada, compromisso com a realidade plural e diversa da região (seus sentidos constituintes e constituídos) e com sua transformação; ainda, conhece o direito constitucional em seus meandros, respira e transpira isso todos os dias.