"Escrever para não me perder na névoa dos dias intermináveis, a cabeça enfiada no travesseiro, repito para mim mesmo que não é verdade. Que não sou eu esse homem que a mídia transformou em monstro e condenou ao silêncio das sombras. Que só pode se tratar de um personagem de romance, um desses obstinados que ficam tentando se impor e destruir a história que se está escrevendo. Tantas vezes corri atrás deles ao longo de meus livros que não posso deixar de reconhecê-los. E sei que não é nada fácil alcançá-los. Refaço, então, o caminho inverso - eu me conto. Isso tudo parece um diário íntimo. E eu sempre tive horror a diários íntimos."