Memórias. Nada mais, nada menos. Pequenas lembranças que ganham contornos epopeicos, do jeito que deve ser uma deliciosa crônica: "verdadeira" até onde deve ser e, ao mesmo tempo, maliciosa. É assim que vejo correr solta a caneta do velho Mario. Lembro-me a cada estória dos piás que cresceram nas ruas soltando pipas, contando mentiras e travestindo o mundo com seus passos lépidos e fagueiros. Piás que cambaleiam soltos feito andorinhas e, que de quando em quando, ainda têm tempo de ser, eles mesmos, pequenos adultos no mundo próprio dos adultos. Estórias que contornam a vida de um escritor, sendo que elas são a extensão do próprio que as escreve. Talvez, a única forma de dar sentido a algo desconhecido e nos mostrar o presente, que faz com que cada um de nós possa se sentir mais vivo. Otavio Linhares