Comparar é perceber as diferenças e semelhanças, o que demanda o estabelecimento de valores de referência, matrizes ou modelos para a análise. Mas, em uma perspectiva de educação comparada, com a qual trabalhamos neste livro, trata-se de entender o outro a partir dele mesmo e, ao mesmo tempo, perceber-se na diferença (Ciavatta Franco). Foi com essa perspectiva de conhecer o outro e nele se (re)conhecer que organizamos uma proposta de cooperação entre o Núcleo de Políticas Educacionais da Universidade Federal do Paraná (NuPE/UFPR) e o Instituto de Investigación y Desarrollo Educacional da Universidad de Talca, Chile (IIDE-UTalca). A proposta de trabalho apontava para um estudo comparado (Brasil e Chile), em especial em períodos quando a política rompe fronteiras e padroniza diretrizes, objetivos e ações dos governos dos diferentes países. Entender, por exemplo, como e por que a política de financiamento da educação no Chile apresenta/apresentou os resultados tais e quais, ou ainda a nova institucionalidade desenhada para a educação naquele país, parecia (e ainda parece!) ser fundamental para se compreender os desdobramentos das políticas educacionais em toda a região da América Latina e no Brasil, em particular. Em razão disso, o intento do trabalho foi o de contribuir com a ampliação do conhecimento sobre as políticas de educação nessa região do mundo, tomando como referência nenhum sentimento de superioridade de qualquer um dos países, cujos contextos sempre precisam ser considerados, uma vez que o reconhecimento das diferenças não pode levar nunca ao sentimento de superioridade de uma das partes envolvidas. Mas, também, sem nenhuma perspectiva de discurso da igualdade amorfa que leva ao assimilacionismo e à enculturação. A cooperação entre a UFPR e a UTalca tinha por objetivos fomentar o intercâmbio entre pesquisadores e estudantes de pós-graduação das duas instituições, contribuindo com sua formação, e produzir pesquisa que colocasse frente a frente a realidade