A prática da medicina está evoluindo de forma dramática. Entramos em uma época caracterizada por avanços tecnológicos inimagináveis até há poucas décadas. Toda a atenção aos pacientes, que, no passado, era fundamentada na avaliação clínica, hoje se baseia, cada vez mais, em resultados de exames. Para complicar mais um pouco esse panorama, o perfil do paciente também se modificou de forma radical. A perspectiva de vida aumentou muito apesar da clara deterioração dos hábitos de vida. Há meio século um paciente de 50 anos era visto como “idoso”. Hoje é comum que a maioria dos pacientes internados em unidades de terapia intensiva tenha mais de 70 anos de idade e seja portadora de doenças sem perspectivas de cura. A relação médico-paciente, fulcro de nossa profissão, modificou-se profundamente e ficou muito desvirtuada pela progressiva fragmentação do atendimento.