As ciências não param de progredir. Se a época das espectaculares descobertas parece estar terminada, não é porque os cientistas avancem apenas a pequenos passos, mas porque as pernas tornaram-se tão numerosas que, neste vasto galope, a importância de cada uma deixa de ser perceptível. Já houve quem dissesse que este avanço do saber, longe de ajudar os homens a responder às grandes questões que se lhes colocam, pelo contrário, reenvia-os, para um universo estranho, sem valor nem sentido. É verdade que a promoção massiva do quantitativo, no prodigioso impulso científico da segunda metade do século xx, pode levar a pensar que as equações e a lei desencantaram o mundo. O projecto de Michel Serres é o de tornar sensível e sensata a exponencial dinâmica da aventura das ciências desenvolvendo a visão do mundo que detêm. Fazer a correspondência dos diferentes tempos do universo, expulsa as categorias míopes com a ajuda daquelas com que ordinariamente pensamos a nossa existência. O autor, aqui, reata com a sabedoria de Heraclito que afirmava, no seu tempo, que nada é o que é dado, que "tudo é fluente". A força do propósito é o de mostrar como os progressos da ciência contemporânea articulam com esta profunda e antiga convicção. A humanidade encontrará mais paz ao partilhar a cultura Universal que lhe consigna o seu preciso lugar na história do Universo? Nesta meditação filosófica, Michel Serres concilia o homem e a natureza. O quadro que ele pinta deste novo sujeito, nós, o Incandescente é tão rico de promessas como a luz branca o é de cores e entusiasma para a descoberta de uma nova metafísica e para apresentar soluções para o problema do mal. MICHEL SERRES nasceu em Agen, em 1930. Depois de ter leccionado nas universidades de Clermont-Ferrand e de Paris I - Sorbonne está, desde 1984, a leccionar na universidade de Stanford (EUA). Em 1990 foi nomeado para a Academia Francesa. Autor de inúmeras obras de referência. Tendo o Instituto Piaget publicado: Atlas, Diálogos sobre a Ciência, O Terceiro Instruído, O Contrato Natural, Hominescência, O Incandescente, Ramos e ainda O Livro da Medicina escrito em co-autoria com Nayla Farouki.