Tem parto que reverbera no fundo da nossa alma, parto soco no estômago, parto que passa a fazer parte de você, parto que marca na carne. Parto...parte... partir-se... portal. Parto deveria se chamar portal. Experiência de morte e vida. Parir é reviver. É seu próprio dia de ressurreição. Não dá para molhar o pé. Parto é mergulho. Para alguns é raso, para outros...vai descendo, descendo, descendo... vai ficando escuro e rarefeito, você vai perdendo o sentido, você olha para a cara da morte e alguma coisa tão rápida te puxa para a superfície... e vai ficando claro e você sente o sol e o vento batendo na cara e escuta seu bebê chorar... e essa é a música mais linda que você já ouviu na vida! A duração e intensidade do parto têm a amplitude necessária para a cura de cada um. A gente vai até onde suporta. Às vezes, a gente consegue tocar o insuportável. Às vezes, a gente descobre que tem tanto poder que a gente sucumbe. Se você olhar para trás, verá suas velhas roupas, deixadas peça à peça pelo caminho. Elas já não lhe cabem, porque quem atravessa o portal é a melhor versão de você. Karol Felicio Jornalista e fotógrafa de partos no Espírito Santo, carrega em si as inquietudes de ser mulher e mãe. Descobrindo que o parto escancara verdades, remexe o baú interno e coloca para fora muita beleza e luz das mulheres, o seu registro, pelos olhos das suas lentes e da sua poesia, é o renascimento de cada mulher.