Este pequeno livro é um raro testemunho, dentre muitos escritos esquecidos, da história brasileira das duas primeiras décadas do século XX. As razões do esquecimento são muitas, a maior delas talvez pelo fato de o autor, Moacyr Piza, no mesmo ano da publicação, envolver-se no dramático assassinato de sua ex-amante, Nenê Romano, seguida do seu próprio suicídio. Chocante na época, a fama do episódio superou a do livro e talvez tenha repercutido muito mais do que toda a obra satírica do autor. Sátira polêmica, com alvos explícitos da cena política da época, Roupa suja revela faces pouco generosas das oligarquias, acompanhando a maré de publicações de escribas obscuros como José Agudo, Hilário Tácito, o próprio Moacyr Piza, Juó Bananére, Ivan Subiroff e o caricaturista Voltolino alguns deles engajando-se em periódicos como O Pirralho, O Queixoso, O Parafuso e outros pasquins da cultura cômica da Belle Époque paulista. Piza juntou-se a essa fila de pândegos contumazes e esteve no [...]