Em tom de deboche, o narrador de A mulher-cobra, de Sérgio Sant’Anna, diz em CONTOS PARA LER EM VIAGEM que as pessoas viajam para ter o que narrar: Confessem, não é para isso que se viaja: para contar aos outros? Em certo sentido, a função de toda viagem é mesmo gerar narrativas, pois a mudança de territórios nos coloca em confronto com uma realidade nova (para nós). Vemos tudo como se fosse a primeira vez, sentindo encanto ou estranhamento, estados que nos levam a querer organizar as descobertas em um relato. Que pode virar assunto para uma conversa entre amigos ou texto literário. O fato é que há uma relação de causa e efeito entre viajar e narrar.