O cerne da questão, publicado originalmente em 1948, é ambientada num país africano que não é nomeado - mas que sabemos, pelas memórias de Greene, tratar-se de Serra Leoa, país da África Ocidental então sob domínio britânico. Essa locação certamente tem fundo autobiográfico: Greene viveu os estertores do colonialismo britânico e, durante a Segunda Guerra, viajou por diferentes continentes como agente do serviço de inteligência inglês. Mas nesse livro, que não se enquadra no ciclo de suas histórias de espionagem ou suspense, o fato de a ação se passar num país colonial mostra outra característica de sua obra: ao criar enredos em países distantes e inóspitos, ele não estava reproduzindo clichês do exotismo turístico, mas lançando suas personagens numa terra estranha em que são obrigadas a confrontar-se consigo mesmas, vivendo suas paixões e seus dilaceramentos sem o paliativo das relações familiares e sociais.