Nesses dois contos, com a ajuda de instrumentos de leitura que vão da Semiótica à Psicanálise, recorrendo ainda a importantes elementos da história de nossa região, Paulo Maués nos revela o quanto Inglês de Sousa não apenas está alinhado às concepções ideológicas de sua época e, ao mesmo tempo, o quanto sua narrativa provoca deslocamentos transgressivos. Tais elementos, por sua vez, não podem ser compreendidos sem as referências ao tempo e ao lugar onde as narrativas se passam. Em Acauã, um forte elemento homoerótico, uma relação entre duas mulheres, na qual a sexualidade e o desejo se fundem a elementos míticos que nos são peculiares. Tais elementos, a cobra e o pássaro, por sua vez, são emissários e alegorias muito fortes, do que há de transgressor numa relação amorosa entre mulheres. Em O Baile do Judeu, por sua vez, a fascinação pelo estranho atravessa um baile como as ondas do desejo. Aqui, um elemento a mais, a figura do judeu, esse estranho-familiar nas cidades ribeirinhas [...]