Cinema de duas faces é um convite à delicadeza das minúcias dramáticas que envolvem não somente a obra de Ingmar Bergman como o percurso de uma vida delineada pela (in)constância de crises arduamente existenciais. A escolha de cinco obras de Bergman quatro principais e uma periférica dá-se, também, por todas elas pertencerem ao chamado terceiro período, ou período de conteúdo simbólico, que começa em 1956 e vai até 1963, e porque sua Trilogia do silêncio aponta para um período no qual Bergman apresenta a sua descrença em Deus ou em qualquer ser superior. O período simbólico do autor é o momento em que seus filmes mais se aproximam da condição humana, de sua natureza e de seu propósito, sob uma perspectiva rude, cruel e, muitas vezes, catastrófica. O ponto privilegiado pelo cineasta sueco, nos filmes destacados, é o do indivíduo como um ser com diferentes questionamentos em sua vida afetiva, profissional ou familiar. [...]