Em A Malinche dos cronistas, Maria Emília discute e apresenta, a partir da criteriosa análise das crônicas quinhentistas que tratam da conquista espanhola do México, a imagem que seus autores produziram sobre esta indígena de origem nobre, que se tornou escrava e, posteriormente, intérprete , cuja trajetória está associada à de Hernán Cortés e, consequentemente, à derrubada do governo asteca. Para a autora que não se propôs a encontrar a imagem mais verdadeira desta mulher, tanto as narrativas produzidas por cronistas espanhóis, quanto as que mestiços como Alvarado Tezozomoc e Diego Munhoz Camargo escreveram, se caracterizam por apresentar uma imagem muito similar de Malinche, Malintzin ou Marina, descrita como a boa língua que Cortés trazia sempre consigo e como uma das figuras mais importantes da conquista do México. Maria Emília nos mostra, ainda, que, se, por um lado, os cronistas quinhentistas coincidem em suas narrativas acerca do papel desempenhado por Malinche, por outro, a historiografia e a literatura do século XIX e, mesmo do século XX, produziram, sob a influência de um discurso nacionalista, tanto a imagem de vilã e traidora da pátria, quanto de intermediária cultural, símbolo da identidade mestiça e madre de la pátria. O maior investimento da jovem historiadora foi, no entanto e como sugere o título dado ao livro , o de nos apresentar a Malinche dos cronistas do século XVI, uma personagem que, aos olhos destes homens, era digna de ser imortalizada nas páginas das Historias que escreveram.