Cem anos depois de sua morte, Saussure continua a suscitar paixões: artigos e livros se acumulam, em todas as partes do mundo. Porque tamanho interesse por um linguista, no momento em que a linguística, segundo se diz, está mergulhada no tédio? Porque a longa meditação de Saussure sobre a linguagem e as línguas é uma das mais profundas levadas a cabo até hoje. Com uma paciência infinita, quase sempre tingida de angústia, Saussure explora todas as "cavernas" da linguagem. As dificuldades suscitadas pela "duplicidade" fundamental do objeto são tantas que Saussure jamais concordará com a publicação dos resultados de suas meditações. De fato, eles só virão a se tornar conhecidos depois de sua morte, ou até mesmo quase cem anos depois. Nesse processo todo, ele terá posto a nu os parentescos entre a linguagem e as outras "semiologias" que são a escrita, a lenda e a mitologia e se confrontará dolorosamente com o enigma dos "anagramas" na poesia.