É sabido que o ambiente para a literatura de autoria feminina sempre foi historicamente hostil. Para as mulheres, publicar nunca foi algo simples, ou sequer bem-vindo. Refletir sobre isso implica necessariamente pensar sobre o cânone, sobre quais narrativas serão consagradas e farão parte de um repertório a ser visitado, lido, ensinado. Helena Arruda, em sua trajetória de pesquisadora, vem há algum tempo se dedicando a questões como essas. O desejo de avançar em tais discussões é percebido ao longo de sua pesquisa de doutorado, que por sua vez prolonga inquietações já manifestas na dissertação de mestrado. De modo paralelo, são temas que Helena igualmente visita em sua produção poética. A poeta e a pesquisadora são inseparáveis, camadas que se superpõem e retroalimentam. Neste belo e arguto ensaio, não poderia ser diferente. [...]