Escrito nos dois últimos anos de vida de Jean-Jacques Rousseau, entre 1776 e 1778, Os devaneios do caminhante solitário é um testamento do filósofo suíço sobre a natureza do homem e dele próprio. A obra foi publicada postumamente, em 1782. Misto de diário e ensaio filosófico, o livro retrata dez caminhadas meditativas de Rousseau por bosques e campos. Em cada passeio, um tema é abordado, da mentira à felicidade, passando pela solidão e pela hipocrisia, entre outras experiências fundamentais da existência humana. Os devaneios do caminhante solitário é um retrato de Rousseau essencial para todos os admiradores deste grande filósofo.Não faz sequer dois meses que uma tranquilidade plena se restabeleceu em meu coração. Há muito que já não temia mais nada, mas ainda esperava, e tal esperança, ora instigada ora frustrada, era uma via pela qual mil paixões diferentes não cessavam de me agitar. Um acontecimento tão triste quanto imprevisto finalmente apagou de meu coração esse fraco raio de esperança e me fez ver meu destino irremediavelmente fixado nesta terra. Desde então, resignei-me sem reserva e reencontrei a paz.