Foi num sonho que ouvi uma voz que me disse para escrever um livro sobre A CABANA. Que as livrarias venderiam um milhão de exemplares dele. Não disse mais nada. Não sou literato, menos ainda, poeta. Também não sou letrado como Veríssimo ou como o João Ubaldo, nem eloqüente quando o Arnaldo Jabur. A minha área de atuação é outra. Mas, a minha parte está feita. Vender um livro ou vender um milhão não depende de mim. Não costumo dar ouvidos a sonho, mas não sei por que, de manhã, já estava a posto diante do computador. Todo conteúdo do livro parece ter nascido de uma rajada de olhar sobre todas as coisas já lidas e vividas. A vida de médico dentro de um Hospital é cheia de lembranças de muitos olhares meigos e carentes, de olhares de gratidão de pacientes familiares, onde médicos e enfermeiros se doam por inteiro nos seus trabalhos do dia-a-dia. O dom ou a dádiva de cada um deles se distribui por todos, no silencio da noite ou no corre-corre do dia.