Qual impressão temos quando ouvimos que os principais representantes dos empresários e dos sindicatos no país convocaram greves nacionais contra o governo? Como digerimos a informação de que milhares de estudantes estavam nas ruas protestando contra o chefe do Executivo? O que pensamos quando a oposição ao chavismo decide não participar das eleições, alegando não existir democracia? Como ressignificamos a informação de que o Presidente da República mandou fechar o principal canal de televisão do país? Todas essas informações, típicas da literatura liberal, nos induzem a ler o governo de Hugo Chávez (1999-2013), no mínimo, como autoritário, e contra os interesses da sociedade. Por outro lado, a literatura social-democrata (chavista) afirma que o governo: 1) implementou o socialismo do século XXI; 2) combateu o imperialismo; 3) reestatizou e nacionalizou empresas importantes para o desenvolvimento econômico; 4) diminuiu, sobremaneira, os índices de pobreza e miséria. Estas afirmações induzem-nos a ler o governo Chávez como um “pai dos pobres”. Adiantamos que nenhuma dessas informações é totalmente inverídica. Todavia, quais os equívocos das conjecturas liberais e sociais-democratas supracitadas? Elas comungam de um problema comum: são superficiais, descontextualizadas e tratam a Era Chávez como um torcedor de um time de futebol (que fica cego por suas paixões). Para não cometermos o mesmo crime metodológico e não cairmos na crítica irresponsável dos liberais e da grande mídia, nem, por outro lado, na exaltação do governo, só há um caminho: uma análise comparativa que situe o chavismo na história das plutocracias venezuelanas. Seja bem-vindo(a) ao estudo!