Ernest Hemingway dizia que um escritor não deve pedir a outro escritor que avalie sua obra. Se o texto for ruim ele não vai gostar porque o texto é ruim. Se for bom não vai gostar porque sentirá inveja. Não gosto do texto de Anderson Ciolla pelo segundo motivo. Razões não me faltam: A maior delas é a fluidez do texto, a elegância, o capricho na construção de cada parágrafo, na escolha de cada termo, na construção de cada metáfora, o cuidado com os detalhes, as inúmeras e saborosas referências e citações que, usadas com pertinência, passam longe do pedantismo. A construção de personagens ora profundos, ora cômicos, mas sempre coerentes. A crítica ferina, a ironia mordaz. Você pode ler Ilha das Cobras escutando calmamente a trilha sonora que costura as narrativas, a música onipresente nos relatos, enquanto assiste a shows, viagens e delírios de bandas de garagem num universo que mistura reflexões ao pop aos sonhos de juventude ao absurdo. Aproveite cada nota!