Muitos pesquisadores das áreas clássicas da Oceanografia negam as humanidades na ciência oceanográfica. No entanto, o diálogo com as ciências humanas existe desde os primórdios da Oceanografia Moderna, o que a torna humana na medida em que é biológica, física, química ou geológica. A economia integra os modelos bioeconômicos, base do manejo moderno da pesca aplicado em várias partes do globo; a antropologia evolucionista em sua vertente Spencerista constrói dantescas representações sobre as gentes do mar; e o gerenciamento costeiro propõe um repertório teórico-metodológico que instrumentaliza grandes empresas, ONGs e agências governamentais em detrimento de movimentos sociais. Poderiam ser citados ainda outros exemplos em que a História Oceanográfica tem nos desvelado serem epitomizados pela Tragédia dos Comuns, ícone da Oceanografia Clássica. A partir da virada para o século 21, diversos pesquisadores têm trabalhado com conflitos socioambientais fundando um campo de disputa na Oceanografia Humana oposto ao das áreas clássicas: a Oceanografia Socioambiental. O objetivo deste livro é divulgar esta área nascente e a suas bases teórico-metodológicas e de linhas de pesquisa e extensão.