No Brasil, como no mundo ibérico em geral, corre a ideia de que seríamos um país de não-leitores é corrente. Mas este conceito reflete uma ideia antiga sobre a escrita, a leitura e as formas de transmissão da cultura. Resultado de um colóquio que teve lugar na Universidade de São Paulo em 2007, o livro "O Império por Escrito", organizado pelas historiadoras Leila Mezan Algranti e Ana Paula Megiani, traz uma complexa diversidade de temas envolvidos na história da leitura e dos leitores – temas e ideias que vão das leituras da vida na corte às gazetas manuscritas revolucionárias do século XVIII. Por isto, neste conjunto de ensaios, são destacados a importância e os significados da comunicação escrita no mundo ibérico, em especial no império português.Escrever uma história da leitura, ou das leituras no mundo ibérico, é uma atitude ao mesmo tempo ousada e revolucionária. Ousada por pressupor que a leitura seria uma prática cotidiana, acessível um a bom número de pessoas, que podiam escutar notícias, histórias ou relatos lidos. Atitude revolucionária por entender que a leitura vai muito além do próprio livro e seguiu um caminho diferente no Brasil colonial e imperial. Dessa maneira, a coragem de expor essas pesquisas resultou num dos mais importantes volumes sobre a história da leitura e dos leitores do país.