Ao longo da história do pensamento, duas perguntas parecem se entrelaçar – o que é isso, a filosofia? O que é isso, a poesia? – numa intrincada relação de interdependência. As duas questões estão, de maneira elíptica, ligadas ao trauma, aqui no sentido do acontecimento, do espanto, da busca incessante pelo entendimento. Da procura desse segredo nasce a ideia de que a experiência de pensamento é uma tentativa de dizer o mundo pela linguagem, poética ou filosófica, artística ou teórica. A poesia que Alberto Pucheu nos apresenta em vidas rasteiras faz essa tentativa compartilhando poesia e filosofia. O resultado é espantoso. Do ponto de vista formal, vidas rasteiras permanece fiel ao que há de melhor no corpus da obra de Pucheu. Do ponto de vista das inquietações que produz, é um testemunho poético-filosófico do nosso tempo e do que é, afinal, o contemporâneo