Seja na compreensão da atualidade da produção audiovisual no Brasil, seja como estudo do cinema brasileiro pós-retomada, seja no próprio entendimento do imaginário construído e revelado pelas lentes dos nossos cineastas, este livro, que não é simplesmente um conjunto de ensaios reunidos em torno de um tema comum, mas um marco delimitador na compreensão subjetiva do Brasil e do brasileiro, trata de uma geografia do imaginário nacional contemporâneo. Trata-se de um divisor de águas para a identidade imagética recente de nosso país, mas também é um apanhado de quem são os nossos heróis modernos, os temas conflituosos que os arremessam à vida e os mitotemas que permeiam a construção das narrativas e dos personagens. Justamente por assumir a difícil missão de objetivar as múltiplas e complexas representações do Brasil, este livro torna-se imprescindível por revelar o momento atual do cinema brasileiro, que está, diga-se, completamente cindido entre a estética da violência e a estética da delicadeza. A primeira estética é bem representada por filmes como Tropa de Elite, Carandiru, Cidade de Deus e Amarelo Manga; a segunda estética retratada por O Ano em que Meus País Saíram de Férias, Cinema, Aspirinas e Urubus e este Santiago. Nestes cinco ensaios que o compõem, vemos um vigoroso encontro entre o pensamento comunicacional, a antropologia e o cinema como poucas vezes a literatura acadêmica em Ciências Sociais conheceu. Brasil em Tela inaugura a série Imagem-Tempo que a Sulina traz aos leitores em seu mais novo projeto editorial.