Existem muitos livros infantis, e muitos são bons. Mas poucos são como Longe (17 pp.), escrito por Silvana Tavano e ilustrado por Mariana Newlands. Longe é diferente por dois bons motivos: seus textos e suas ilustrações. Os textos de Silvana Tavano são todos pequenos em seu tamanho. Mas utilizam grandemente a linguagem poética moderna, sem que se dê conta disso. Porque os textos são fluentes como uma fala - de fato, eles são a fala de um menino que narra. Mas essa fluência coloquial é temperada por recursos poéticos de vários tipos, dos gráficos aos sonoros, usados de maneira ao mesmo tempo rica e sutil. Por exemplo, o caligrama, poema cujo texto toma a forma do que diz. Assim, a frase que é todo um texto "Será que é lá do outro lado do mundo?" assume a forma de um círculo, que evoca o globo terrestre, ao mesmo tempo em que parte do texto fica assim de ponta-cabeça, ou seja, virada para o outro lado - para não falar do jogo de semelhança sonora entre "lá do" e "lado" (os textos foram primeiro manuscritos por Paula Korosue, e depois diagramados - incluindo a concepção dos caligramas - por Vanessa Sawada). Não faltam tampouco os jogos semânticos, como o que aparece no texto em forma de escada "A gente passa por mil lugares, mas longe é ainda mais longe...". Uma das maiores riquezas desses textos é lidar de maneira "palpável" e cativante com um tema ao mesmo tempo abstrato e doloroso, a distância, o longe. Palpável, aliás, é uma palavra que também serve, sem aspas, para definir as ilustrações de Mariana Newlands. Pois se trata de colagens, colagens com muita textura e muitas texturas, que aliam clareza na ilustração dos textos a muito movimento, muita leveza e muita elegância. Pois aqui predominam, ao contrário do que é habitual em livros infantis, os tons pastéis, como uma bela tradução cromática do conceito de distância. Longe, enfim, é um livro sedutor, que por isso saberá chegar perto dos corações e das mentes de seus pequenos leitores. Existem muitos livros infantis, e muitos são bons. Mas poucos são como Longe (17 pp.), escrito por Silvana Tavano e ilustrado por Mariana Newlands. Longe é diferente por dois bons motivos: seus textos e suas ilustrações. Os textos de Silvana Tavano são todos pequenos em seu tamanho. Mas utilizam grandemente a linguagem poética moderna, sem que se dê conta disso. Porque os textos são fluentes como uma fala - de fato, eles são a fala de um menino que narra. Mas essa fluência coloquial é temperada por recursos poéticos de vários tipos, dos gráficos aos sonoros, usados de maneira ao mesmo tempo rica e sutil. Por exemplo, o caligrama, poema cujo texto toma a forma do que diz.