Um livro que falasse sobre Cândido Aragão escrito por uma pessoa que o conheceu em vida e que pudesse, ao mesmo tempo, inseri-lo criticamente no contexto histórico vivido era esperado há tempos. Por uma questão de respeito e de justiça com importante personagem da história do Brasil. Justiça, pois tentou-se implacavelmente manipular sua memória, associando sua pessoa à demagogia, á incompetência, ao comunismo e ao radicalismo na Marinha. Historiadores chegaram a culpá-lo pela queda do Presidente João Goulart. Tão distantes dos acontecimentos, se acomodaram em divulgar a versão dos inimigos de Aragão, os mesmos que estiveram no poder por mais de vinte anos, deixando de usar o recurso da retrovisão, tão importante ao historiador para evitar se embrenhar nas armadilhas do anacronismo. A historiografia tem um débito com Cândido Aragão. Pelo anacronismo que cometeu, ao associá-lo a conjecturada leniência ao radicalismo que levou ao Golpe de 1964 e pelo esquecimento do militar disciplinador e nacionalista que provocou. (...)