Esse livro traça os caminhos percorridos pela Cannabis sativa no país, desde que, por volta de 1770, o vice-rei ordenou que se cultivasse o cânhamo para a produção de cordas e velas navais. O empreendimento não deu certo, mas, por todo o Brasil, prosperou o cultivo da planta para uso recreativo - aqui introduzido por marinheiros portugueses, conhecedores e consumidores do bangue da Índia, e por escravos africanos, herdeiros do gosto pelo haxixe dos povos da Península Arábica. No começo do século xx, ações severas de criminalização do canabismo ganharam corpo no Brasil. Gradativamente, porém, o outrora denominado ópio do pobre começou a se espalhar pelas classes sociais mais abastadas e acabou se transformando em instrumento de contestação social. Para o autor, a sociedade vem deixando de considerar o canabismo um vício maldito para passar a encará-lo como um hábito privado e socialmente aceitável e a enxergar na Cannabis uma planta repleta de potencialidades econômicas.