Este livro, Práticas de análise do discurso, interessa a quem pesquisa, ensina e pratica nas áreas da psicologia, saúde, políticas públicas, educação, história e outras. Ele resultou de oito experiências de uma professora e seus alunos, bolsistas e orientandos que se empenharam coletivamente em fazer surgir temas de pesquisa que lhes pareceram importantes, tendo antecipadamente pactuado que a Análise do Discurso seria o dispositivo a ser usado para se estabelecer a pergunta e para respondê-la. Com esse trabalho, que guardou semelhanças com a autogestão pedagógica de perspectiva institucionalista, foi possível detectar discursos que mostram a instituição de uma doença (imaginária?) relacionada à possibilidade de ter ocorrido uma violação do direito à herança; a instituição de salvaguardas fantasiosas contra o risco de infecção por HIV/AIDs; a institucionalização do saber e da autoridade irretocáveis de uma congregação religiosa; as tentativas de, autoritária e prepotentemente, instituir um veto à reforma psiquiátrica e à luta antimanicomial; a de instituir um discurso novo sobre a loucura que tateia entre discursos por suposição politicamente corretos, antimanicomiais e manicomiais; a inauguração de um discurso dúbio relativo à medicalização e à medicação da educação; um referencial metodológico, epistemológico e ético para avaliação de práticas psicossociais; a tentativa de instituir argumentos impeditivos do trote estudantil, por meio de um discurso de autoridade. De certa forma, este livro dá continuidade a outro da organizadora, Entrevista de pesquisa: A interação pesquisador/entrevistado, no qual a análise do discurso também aparece ao lado da análise institucional, apontando as implicações do pesquisador com sua própria pesquisa.