As nossas democracias mostram-se, hoje, muito desdenhosas em matéria de moral pública. Com efeito, este operou o seu regresso sob a pior das formas: o escândalo. Corrupções, desvios financeiros, histórias sórdidas... Por vezes estas três vertentes reúnem-se e não tardamos em suspeitar de toda a classe política. A justiça é chamada a dar o seu contributo e acaba por sair do seu papel a cada dia que passa, pede-se-lhe cada vez mais para resolver conflitos morais. Mas o que será que tanto fascina os nossos concidadãos? Será a justiça em si mesma ou a sua matéria, o crime? Para o saber, os participantes no seminário de filosofia do direito do Instituto de Estudos Superiores sobre a Justiça optaram por apoiar a sua reflexão em casos externos - assassinos em série, delinquentes sexuais, detidos perigosos -, mostrando nomeadamente que o mal já não se pode reduzir ao "tratamento" dos criminosos ou a estatísticas: a questão que ele levanta é de natureza profundamente política. ANTOINE GARAPON, antigo juiz do Tribunal de Menores, é membro do comité de redacção da revista Esprit e dirige o Instituto de Altos Estudos de Justiça, em França. É autor de várias obras, entre elas o Instituto Piaget já publicou o Guardador de Promessas e Bem Julgar.