Em Arara Carioca, o personagem central, Marco, um típico "intelectual ipanemense", deixa-se levar pelas recordações enquanto se balança em uma rede fazendo tempo para um encontro. As lembranças são diversas e principalmente referentes ao ano 1970. Marco relembra seu envolvimento amoroso com uma mulher marcante, Laura, seus amigos, sua vida de solitário, suas ocupações como jornalista e tradutor, o apoio financeiro e a amizade de um tio rico, Cézar, extravagante e cínico, do qual herda algum dinheiro, que lhe facilita a vida e proporciona viagens, e principalmente o cinismo, o "olhar distanciado" sobre tudo. A estrutura do livro é simples, tudo cabe dentro dessa hora passada na rede, em tranqüilidade, finda a qual, olhando para o relógio, Marco resolve levantar-se e ir ao encontro, banal, com uma adolescente de 16 anos. Mas essa estrutura funciona parece que esse "balanço de rede" marca o tom, não-dramático, distanciado, que vai colocar o leitor, porém, bem no período recordado e vivenciado por Marco, ou seja, o período mais repressivo da ditadura militar