Jozias Benedicto chega pisando firme no terreno da poesia como um astuto veterano de guerra, cabelos grisalhos e pele calejada por tumultos psicológicos e recorrentes batalhas interiores, sem vencedores ou vencidos. Com seu fuzil azul imaginário, exorta versos na direção de almas que se desassossegam facilmente no redemoinho das paisagens urbanas de imagens noturnas, algumas delas deliberadamente nubladas; outras, esquartejadas no centro da página. Erotiscências & embustes, o livro de estreia na poesia de Jozias Benedicto, é a inevitável dilatação sonora de seu extenso e premiado inventário de contos. Os poemas aqui reunidos são quase contos quase prontos, quase coitos. Meio confessionais, meio fotográficos, feito bichos-grilos cantantes e cortantes. A poesia de Jozias Benedicto não é uma receita de erotismo urbano, da posologia de prateleira do sex-shop. É o corte não-linear na própria carne do autor. É o corpo em movimento, inquieto, agressivo, trágico, lascivo. [...]