Talvez Dom Quixote seja o mais nobre e distante precursor do romance de formação, mas o modelo ou paradigma do Bildungsroman é atribuído a outra obra monumental do Ocidente: Os Anos de Aprendizado de Wilhelm Meister, de Goethe. Se o romance da desilu são do século XIX pode ser lido como desdobramento ou variante do romance de formação, na literatura moderna e contemporânea, grandes narradores também assimilaram elementos estruturais desse gênero, dando-lhe nova feição. Não por acaso, Wilhelm Meis ter é citado no Ulisses, de James Joyce como Uma alma hesitante armando-se contra um mar de problemas, dilacerada por dúvidas conflitantes, como vemos na vida real. De fato, esse tipo de narrativa evoca uma viagem no mar conturbado da vida, em que a personagem é acossada por dificuldades materiais e dilemas morais, filosóficos. Ela busca um sentido para sua existência numa sociedade desagregada e numa época em que as normas, já instáveis, devem ser questionadas.