Durante os quase dez anos em que foi ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim mostrou como um chanceler pode ser muito mais que um assessor do Chefe de Governo e imprimir uma marca própria em sua área de atuação. Em Teerã, Ramalá e Doha: memórias da política externa ativa e altiva, o leitor poderá acompanhar a trajetória da política brasileira em relação aos países árabes, culminando no reconhecimento do Estado palestino. Ora no papel de político diplomata, ora no de negociador comercial, Amorim conduziu o Brasil ao protagonismo na busca por uma solução pacífica e negociada para a questão nuclear iraniana bem como nas negociações da Rodada Doha. Por meio de um relato de forte cunho pessoal e minucioso das negociações que conduziu ou das quais participou, Amorim mostra como agem as grandes potências e seus líderes e expõe o emaranhado de motivações que os impulsiona. Alargando a fronteira das discussões político diplomáticas, o autor ainda abre espaço à narrativa de passagens emotivas, como a do resgate de brasileiros refugiados no Líbano; pitorescas, como a do pedido a um príncipe saudita para que intercedesse pela libertação de um brasileiro, preso por ter agredido um árbitro de futebol; ou intelectualmente estimulantes, como a de seu encontro com o escritor Amós Oz.