Entre os espaços da vida e da arte, insiste esta pergunta: como e por que literatura? A arte, por seu poder, debruça-se sobre a vida; a literatura, em sua capacidade de simbolização, faz pensar a existência do que parece não existir; a palavra, ao permanecer, diz sim à vida e à arte. Mais do que a descrição em torno das relações entre a arte e a vida política, econômica e social das comunidades, o poder de que se investe a literatura transforma o livro em um tênue espaço de uma escrita em que o sonho, a realidade e o pesadelo que ronda as épocas de crise se enlaçam e redesenham o que se pode (ou não) realizar. Embora os fios tecidos pela memória participem da história dos homens, tornamo-nos, na atualidade, herdeiros de um impasse, pois o que produzimos se depara com o volume e o giro inestancável de um mercado voltado para um consumidor cada vez menos predisposto à perda do contato com as imagens.