Esta edição publica o conjunto de poemas coletados no Códice Asensio-Cunha que circularam em Salvador nas últimas décadas do século XVII e na primeira metade do século XVIII sob o nome Gregório de Matos e Guerra, então a mais importante autoridade poética local. Nesse tempo, os poemas eram continuamente refeitos pelo agenciamento de audição, memorização e remanejamentos pela voz e pela escrita, sendo as versões do Códice Asensio-Cunha apenas uma das muitas possibilidades textuais implícitas na tradição, o conjunto de todos os manuscritos com o nome Gregório de Matos e Guerra. As variações textuais incidem sobre uma única palavra ? caso do primeiro verso do soneto Um calção de pindoba a meia porra e da variante Um calção de pindoba a meia zorra? ou sobre dezenas de versos, alterando-se radicalmente a configuração do texto. O que importa nesta edição é não contaminar lições de um manuscrito com lições de outro, com a finalidade de produzir um texto compósito não existente em nenhum manuscrito da tradição.