O atual cenário brasileiro do sistema escolar aponta um quadro de precarização, em que se visualiza a deterioração das condições de trabalho de professores e professoras. Tomando a escola como palco dos atravessamentos do mundo do trabalho e lançando um olhar cuidadoso sobre a desvalorização do magistério, evidencia-se a manifestação de formas de sofrimento nocivas à saúde como estresse, rouquidão, irritabilidade e o tédio, fruto da exclusão dos profissionais da organização das regras de seu ofício e da perda do sentido das práticas. Parece-nos haver uma teia de enigmas demandando ser desvendada. Como entender o paradoxo da dor e da delícia de ser (tornar-se) professor? Procurando identificar não apenas aquilo que no trabalho provoca mal-estar (e até mesmo o que adoece) o professor, mas, também, como estes lidam com as dificuldades e o sofrimento, indisciplina, falta de limites, violência e o fracasso escolar assim como as possibilidades estruturantes que se descortinam nesse embate. O sentido do trabalho de ensinar e a necessidade de garantir a sua sobrevivência podem ajudar a entender a opção e a permanência de grande parte destes profissionais na educação, bem como suas vivências de prazer e sofrimento.