O Soldado João, um personagem que faltava em nossa literatura: Com este livro, a literatura gaúcha e brasileira paga uma antiga dívida com a Brigada Militar. Muito antiga, mesmo, uma vez que nunca havíamos dedicado a ela, em bem mais de um século, uma obra tão real e emocionante. Sim, a partir de hoje, ao olhar um brigadiano ou brigadiana trabalhando na rua, nós vamos nos lembrar do "Soldado João". Vamos lembrar principalmente o ser humano que vive dentro daquela farda, treinado desde muito jovem para a tarefa de proteger as nossas vidas, à custa da sua, a qualquer momento. Como aconteceu com o filho do quitandeiro, que fiou as compras para o moço do interior até que recebesse seu primeiro pagamento como aluno-soldado: "O meu menino... um moço forte, musculoso, com cabelos no peito saindo da camisa... foi soldado da Brigada. Em uma noite, levou dois tiros à queima-roupa... E foi levado já sem vida para o hospital." O autor valeu-se de seus quase trinta anos de serviço como soldado, sargento e tenente para dar veracidade a cada um de seus contos, mas só nos conquista, em cada narrativa, porque é um verdadeiro escritor. Desde "O outro Joãozinho", até "Reencontros", cem páginas depois, o leitor vive todas as aventuras do dia a dia do "Soldado João", aprendendo também a respeitar a "Soldado Rosário", e todos os demais homens e mulheres que sabem vestir com honra a farda da nossa Brigada Militar. Embora civil, ergo meu braço direito e aproximo a mão espalmada junto à têmpora para te prestar continência, Amauri Antonio Confortin, "alter ego" e autor de "O Soldado João". - Alcy Cheuiche, Feira do Livro de Porto Alegre, Primavera de 2018