Quando Ruy Pupo era residente de Medicina, viu um menino com síndrome de Down morrendo, a família chorando, e se espantou: "Não sabem que ele é mongolóide?" Anos depois, em 1990, nasce sua terceira filha, Marina, com síndrome de Down. Ruy leva um choque. Como a maioria dos médicos, tinha poucas e desatualizadas informações sobre o assunto: "Minha frustração como médico foi maior do que como pai. Eu, que era o pediatra dos meus filhos mais velhos, não tinha o conhecimento necessário para cuidar de Marina." Recém-lançado pela Editora WVA, o livro Síndrome de Down. E agora, doutor? conta a trajetória do médico Ruy do Amaral Pupo Filho, presidente da Up-Down - Associação de Pais de Filhos com Síndrome de Down, de Santos - em busca de informações corretas sobre esta alteração genética. Informações capazes de beneficiar Marina e os cerca de 300 mil portadores de síndrome de Down que vivem no Brasil. Este é o primeiro livro a discutir, em nosso país, a necessidade do pediatra se conscientizar de que síndrome de Down não é apenas assunto de especialista. A universidade não dá ao futuro pediatra essa responsabilidade. Ao contrário, pouquíssimas faculdades de Medicina no Brasil e no mundo têm a cadeira de Genética Clínica, na qual o pediatra receberia informações atualizadas sobre síndromes genéticas, incluindo a síndrome de Down. O resultado são profissionais desatualizados e que, muitas vezes, prejudicam imensamente a relação dos pais com seus filhos portadores de síndromes genéticas em função de tal desinteresse e desinformação. A importância da atualização do pediatra será debatida no II Congresso Brasileiro e I Encontro Latino-Americano sobre Síndrome de Down, organizado pela Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, em junho deste ano, em Brasília. Dr. Ruy Pupo foi um dos fundadores desta Federação e faz parte da comissão científica desse congresso.