O que permanece na certeza de que tudo convalesce? Em seu livro de estreia na poesia, Gabriela Porto Alegre nos diz que é preciso fazer com as palavras um pacto de sujidade. Regida por esse pacto, reorganiza órgãos e verbos, células e sujeitos, sílabas e organelas nas mais inusitadas composições até acessar as memórias escritas no avesso das carnes ou na escuridão dos ossários do passado memórias herdadas das mães, das avós, das mulheres que as antecederam: escutemos/ a primeva sinfonia das vísceras. Nada que se assemelhe a qualquer animal vivo nos mostra como sair do corpo para ocupar um corpo. Ainda que somando cortes e dando a eles um torniquete com o perfex, de modo que o fechar dos talhos acorde um novo sentir a léguas e léguas de distância do velho sentido. É na potência de versos lapidados para retomar o latifúndio arrendado do espaço-corpo que a poeta abraça a derrocada de estar viva, enquanto nos diz, entre sussurros e gritos, que: o corpo/ não pode ser meu/ porque,(...)