Heitor O’Dwyer de Macedo, parte em de que o trabalho do psicanálise consiste, fundamentalmente, em preparar as pessoas que o procuram para enfrentar essa catástrofe salutar que é o amor. Pensam que é para falar de amor que se consulta um psicanalista e, em princípio, é de amor que fala, quando fala, o psicanalista. Aliás, “só serve para isso", e alguém que ouve ou lê um psicanalista espera que ele fale disso – de como se ama alguém e de como alguém se ama. Fiel a Freud, pela linguagem simples enraizada na prática clínica, o autor reata os vínculos, caros ao fundador, entre psicanalise e literatura. Retoma aqui o entrelaçamento entre loucura, amor e pensamento que ele percorre desde seus primeiros trabalhos, percorrendo as linhas e entrelinhas da ficção dostoieviskiana. Afinal, para falar de amor não poderia haver melhor escolha que Dostoiévski, que é, por excelência, o escritor da desmesura do encontro.