Este livro trata de um episódio pouco conhecido da nossa história. Ocorrida dias depois da Revolta da Chibata e tendo praticamente os mesmos protagonistas, a Revolta do Batalhão Naval, embora fosse continuidade daquela e tenha sido mais duramente reprimida que ela, acabou ofuscada e relegada, quando muito, aos rodapés dos livros acadêmicos. Alegava-se a falta de documentação, que teria sido extraviada proposital ou acidentalmente, para não se promover pesquisas sobre o movimento. Versões da época, encampadas até hoje, induzem a acreditar que a Revolta do Batalhão Naval não tinha interesse em si porque não passaria de mera provocação, encenada por oficiais da Marinha, para justificar os castigos que haviam sido proibidos pela anistia dada aos rebelados da Chibata. No entanto, a chave para se compreender a Revolta da Chibata - em seus contornos mais amplos e suas consequências mais trágicas - é desvendar os bastidores e o desenrolar da Revolta do Batalhão Naval, em 9 e 10 de dezembro de 1910, que deu pretexto para se impor o estado de sítio no país e iniciar uma dura repressão contra civis e militares. Justamente após o centenário desses eventos, este estudo visa suprir - com material original, inédito e polêmico - a falta de informações a seu respeito e lançar novas luzes sobre um tema carente de aprofundamento e investigação, desdizendo desta forma as versões maniqueístas e resgatando a memória dos seus partícipes, condenados até os dias de hoje a um anonimato injusto. Henrique Samet se propõe a enfrentar o desafio, tratando a Revolta do Batalhão Naval como o tema relevante que é, e não como mero apêndice secundário (e mesmo desprezível) da Chibata. Por isso este livro, em seus questionamentos ao mesmo tempo equilibrados e profundos, nos dá uma perspectiva inesquecível - e candente - da revolta do Batalhão Naval, contribuindo de maneira ímpar para a história brasileira militar, política e social do começo do século XX.