Dias e noites vagueiam pela eternidade, assim são os anos que vêm e vão como viajantes que lançam os barcos através dos mares ou cavalgam pela terra. Muitos foram os ancestrais que sucumbiram pela estrada. Também tenho sido tentado há muito pela nuvemovente ventania, tomado por um grande desejo de sempre partir. O poeta japonês Matsuo Basho (1644-1694) contemplava num harmonioso entardecer uma tranquila lagoa quando uma rã saltando sobre a água rompeu subitamente sua lisa superfície. Não com um forte ruído, mas com um som claro e distinto. Ao ouvir esse som cristalino, o poema fluiu quase que involuntariamente, Basho criaria neste momento o mais famoso de todos os haikais: velho lago mergulha a rã fragor d’água Basho percorreu os caminhos como poeta errante. Apresentamos aqui o ciclo completo de seus três principais relatos de viagem, traduzidos, pela primeira vez, diretamente do original: Visita ao Santuário de Kashima data de 1687 e consiste num pequeno relato repleto de haikais[...]