Diariamente lidamos com pequenas perdas. A chave do carro, um botão que se desprendeu da camisa, um compromisso inadiável, e mesmo sabendo que são situações manejáveis, a nossa energia vital se esvai. Nos tira do eixo. Mas, quando a vida nos apresenta experiências irreparáveis, como a morte de um filho, é que somos convidados a encontrar dentro do nosso interior, meios de elaborar a ausência. Cássia Gomes narra a sua própria história de parto reversa, da gestação do filho que nasceu sem vida. Nesse livro, a autora conta a sua jornada de autoconhecimento, um percurso ainda em construção, onde entendeu que a alma que não se expressa adoece, sendo essa obra de narrativa sensível, um potente mecanismo de expressão. Ela vivia um conflito entre guardar o tempo passado ou refletir um passado presente, e com isso destrancou os ferrolhos que a aprisionavam por dentro e os sentimentos gastos feito traje velho ganharam uma nova roupagem.