Cinco séculos de vida de um lugar, da formação de um povo, do processo construtivo de uma sociedade diversa estão apresentados em Uma História da Cidade da Bahia, de Antonio Risério. Numa visão, considerada pelo autor de panorâmica e concisa, o livro foi escrito para todos aqueles que têm interesse em saber mais sobre o passado que se fez presente em Salvador, na Baía de Todos os Santos. Segundo Risério, o que há para ler não é a história de Salvador, mas uma, entre tantas outras existentes. Ele se impôs uma rígida disciplina assentada num tripé: primeiro, tentou compreender as coisas e os atores históricos do modo mais despreconcebido possível. Segundo, afastou qualquer pretensão ou ânsia de originalidade, de modo que uma procura de ângulos inusitados não confundisse e, por fim, caminhou sempre em parceria com os pesquisadores e historiadores. No primeiro capítulo, "Da Aldeia ao Engenho," o autor fala do século XVI, visto como um período inaugural e experimental. Época da implantação do projeto lusitano para os trópicos, que não aconteceu exatamente como planejado. A mestiçagem genética e o sincretismo cultural se encarregaram de traçar uma nova realidade. "O Século Barroco" (XVII), segundo capítulo, foi para a cidade da Bahia e seu Recôncavo um tempo de fortes contrastes: fome, pestes, riquezas e invasões holandesas. Tempo das visitações do Santo Ofício, dos cantos do poeta-músico Gregório de Mattos, do açúcar se cristalizando em divisas. Momento de consolidação do projeto colonial português. O terceiro capítulo, "À Margem da Margem", mostra um século XVIII representando a época do questionamento do sistema colonial, da transferência da capital brasileira para o Rio de Janeiro e um período de luta contra a escravidão - dos quilombos da Cidade da Bahia e seu Recôncavo à chamada Revolução dos Alfaiates. "Sangue, Suor e Cultura", século XIX, fala dos enfrentamentos armados. Do período da decadência da economia açucareira, da epidemia de cólera, da projeção de mulatos e bacharéis e da configuração da hoje denominada, e reconhecida, cultura baiana. Em "Terra em Transe", Risério afirma que o século XX parece dividido em antes e depois da década de 50. Na primeira metade, a região compõe um espaço coeso e tradicional. Na segunda, surge a vanguarda estética que revoluciona os meios acadêmicos. Uma nova geração vai criar o Cinema Novo e a Tropicália. Salvador se divorcia do Recôncavo. Os negromestiços se afirmam. Do ponto de vista do desenvolvimento urbano, a cidade se expande, conquista espaços, mas procura preservar sua memória. Ao ingressar no século XXI, medita sobre seu próprio sentido. Publicado pela primeira vez em 2000 em edição luxuosa e ilustrada, o livro agora ganhou outra cara. Foi revisto, ampliado e traz novos capítulos. Para Antonio Risério, esta nova versão é mais completa e acessível ao público leigo, e não somente a historiadores e estudiosos.