No século IV, Santo Agostinho, um homem entre a antiguidade e o medievo, entre Roma e África, escreve o tratado De Musica. Nele retoma o imaginário greco-romano sobre a palavra, o canto e a dança, com nítidas influências de Platão e Plotino. O futuro bispo de Hipona, cidade portuária da África do Norte, apresenta nesta obra a música como uma arte da vida interior, uma travessia entre a beleza sensível e a Beleza Suprema. A ciência de bem modular como Agostinho define a música faz transbordar o espírito do homem, movendo-o em direção a Deus, fonte dos números e harmonias eternos. Entre a Igreja de Santo Ambrósio e as experiências mundanas no Império Romano decadente, Agostinho, o pai da filosofia cristã, nos desvela as sutilezas da música impressa na memória, no corpo e no espírito dos homens. Este é o roteiro pelo qual esta obra nos convida a viajar. Como destacou o escritor Deonísio da Silva, estamos diante de um livro encantador.